SONETO XX Para que nesta vida o espírito esfalfaste Em vãs meditações, homem meditabundo?! Escalpelaste todo o cadáver do mundo E, por fim, nada achaste... e, por fim, nada achaste! A loucura destruiu tudo que arquitetaste E a Alemanha tremeu ao teu gemido fundo!... De que te serviu, pois, estudares, profundo, O homem e a lesma e a rocha e a pedra e o carvalho e a haste?! Pois, para penetrar o mistério das lousas, Foi-te mister sondar a substância das cousas Construíste de ilusões um mundo diferente, Desconheceste Deus no vidro do astrolábio E quando a ciência vã te proclamava sábio A tua construção quebrou-se de repente!