SONETO XIV O Templo da Descrença -- ei-lo que avisto. A imensa Cruz da Dor está serena como um lírio! E vejo o pedestal que sustenta o Martírio; E vejo o pedestal que sustenta a Descrença! -- A colunata êxul do Sonho Morto -- o círio Da Quimera Falaz, o túmulo da Crença, Tudo! até o altar onde a Angústia vibra intensa N’uma fúria assombral de feras em delírio! Penetro louco enfim o abismo funerário, E a rasgar, a rasgar o lúrido sacrário, Em mim como no Templo a Angústia se condensa, E em mim como no Templo, urnas de Sonho; e, em bando, Flores mortas da Aurora, e, eu sombrio chorando Ante a imagem fatal do Sepulcro da Crença!