O CONDENADO Folga a Justica e Geme a natureza Bocage Alma feita somente de granito, Condenada a sofrer cruel tortura Pela rua sombria d’amargura -- Ei-lo que passa -- réprobo maldito. Olhar ao chão cravado e sempre fito, Parece contemplar a sepultura Das suas ilusões que a desventura Desfez em pó no hórrido delito. E, à cruz da expiação subindo mudo, A vida a lhe fugir já sente prestes Quando ao golpe do algoz, calou-se tudo. O mundo é um sepulcro de tristeza. Ali, por entre matas de ciprestes, Folga a justiça e geme a natureza.