LIRIAL Porque choras assim, tristonho lírio, Se eu sou o orvalho eterno que te chora, P’ra que pendes o cálice que enflora Teu seio branco do palor do círio?! Baixa a mim, irmã pálida da Aurora, Estrela esmaecida do Martírio; Envolto da tristeza no delírio, Deixa beijar-se a face que descora! Fosses antes a rosa purpurina E eu beijaria a pétala divina Da rosa onde não pousa a desventura. Ai! que ao menos talvez na vida escassa Não chorasses à sombra da desgraça, Para eu sorrir à sombra da ventura!