ARA MALDITA Como um’ave, cindindo os céus risonhos, Meiga, tu vinhas a cindir os ares, E, qual hóstia, caindo dos altares, Foste caindo n’ara dos meus sonhos. E eu vi os seios teus virem inconhos -- Esses teus seios que os cerúleos lares Branquejaram de eternos nenufares, Para nunca tocarem negros sonhos! Caíste enfim no meu sacrário ardente, Quiseste-me beijar a ara do peito, E eu quis beijar-te o lábio redolente. E beijei-te, mas eis que neste enleio, Tocando n’ara negra o níveo seio, Caíste morta ao celestial preceito.